Começava o horror da Segunda Guerra Mundial. E por aqui, através de um decreto governamental, substituiu-se o nome “Mirante” por “Cabrália”, em homenagem ao descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral.
Na verdade, dois fatores foram decisivos para o decreto. Mirante não tinha nada a ver com as características do lugar (e ainda estava trazendo problemas de natureza postal com Mirante “do Paranapanema”). O outro

FOTO: A igreja matriz ainda sem sua torre: O povo rezava pelo fim da guerra. À direita da foto, o prédio da cadeia de Cabrália na época.
CURIOSIDADE: Certa vez foi detido no prédio da cadeia acima, um senhor negro por nome de Zé Bernardo que estava bêbado. No outro dia, Zé Bernardo que era serrador de madeira com trançador arrancou a porta da cadeia com batente e tudo e saiu gritando pela rua com a porta na cabeça: "Zé Bernardo é nego duro!"
HERÓIS CABRALIENSES

FOTO: João Antonio de Lucas, um dos cabralienses que participaram da 2ª Guerra Mundial
A família, muito conhecida em Cabrália, pediu, então, na época, ajuda a um senhor de Cabrália (que não era o pai dele), que tomou a iniciativa de escrever ao batalhão de Caçapava, do qual ele fazia parte. Após algum tempo, receberam a resposta abaixo:
(Clique na imagem para visualizar em tamanho grande)

FOTO: Cópia da carta enviada à família de Fernando Brancolino. O herói constitucionalista foi homenageado com o nome da Praça localizada no Núcleo Habitacional Antonia Orlato Madrigal II.


Centrados na vida simples de Cabrália, a família que extraía as sementes do capim gordura, moídos pelo cansaço da luta naquele dia, não perceberam que um balão junino de grande porte caíra encandecente ao lado da tulha estocada de sacas do produto. Tudo se queimou. Desde a safra até as ferramentas de trabalho da família. Fome? Não. Quem conheceu o nosso Rio Alambari naquela época e em se tratando de uma família que vivia à sua margem, mudaria a palavra fome por dificuldades. Quando acabava o curimba... vinha a tabarana. Acabava a tabarana vinha o cardume de ximborê. Dificuldades ainda iriam passar.
FOTO: João Antonio de Lucas, com
seus colegas expedicionários
Certa vez um menino hindu perguntou a um velho sábio indiano. “Mestre, qual é o pior dos crimes sobre a terra?” - E o velho mestre respondeu: “Só existe um crime sobre a terra – é o crime de roubar”. O menino então lhe indagou novamente: “Matar não é pior do que roubar?”. - E o mestre respondeu: “Quem mata rouba o direito do outro de viver, meu filho! Só existe um crime sobre a terra. É roubar”. Talvez sem querer, a pessoa que, sorrindo em uma cidade distante, soltou aquele balão, roubou algo muito importante daquela família naquela madrugada de junho. Depois de alguns dias, desolado pelo acontecido, o pai da família, deitado em sua casa, olhou para cima do guarda-roupas e ficou feliz ao perceber que uma de suas ferramentas não havia sido queimada pelo fogo. Ele ia trabalhar. Levantou-se e foi para o distrito de Cabrália. No sábado seguinte podia-se ouvir de longe a sanfona “chorar” no Bailão da Zona das Meretrizes. Não se sabe ao certo o gênero musical que era tocado naquela noite, mas provavelmente podemos imaginar nos dias atuais uma letra parecida com esta:
"Deixa o pau cai a fôia sanfoneiro
Primeiro eu pego a nêga e vou dançar
Depois eu tomo mais uma pro Santo
Largo a guela e canto
Poeira vai levantar
Hoje eu tô que tô xonado
E a paixão que se recôia
Não rezo sem ter pecado
Eu to que to xonado
E o pau que caia a fôia
Hoje eu vou partir pro crime
To perdido e sem escôia
Vou sair desse regime
Eu vou partir pro crime
E o pau que caia a fôia"
Nenhum comentário:
Postar um comentário